René Bertholo (Alhandra, 1935 - Tavira, 2005), filho do pintor Augusto Bértholo, frequenta a Escola de Artes Decorativas António Arroio, entre 1947 e 1951. No mesmo ano, inscreve-se no curso de Pintura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, o qual conclui em 1957. Enquanto aluno de Pintura, participa nas suas primeiras exposições, nomeadamente, na VII Exposição Geral de Artes Plásticas (1953) e no I Salão de Arte Abstracta (1954). Neste período, foi ainda um dos responsáveis pela edição da revista Ver, juntamente com José Escada e Lourdes Castro, com quem casaria em 1957. Inicia o seu percurso expositivo individual em 1956, na Galeria Pórtico, partindo no ano seguinte para Munique, onde mantém residência durante cerca de um ano. Muda-se para Paris em 1958, recebendo uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, entre 1959 e 1960. Na capital francesa, é um dos fundadores do grupo KWY (Ká Wamos Yindo) e da revista com o mesmo nome, expondo com os seus membros entre 1960 e 1962, não só em Paris, mas também em Lisboa, Bolonha e Sarbruque. Em Paris, trava conhecimento com as propostas da Nouvelle Figuration, às quais se associou. Contudo, a sua obra nunca se apresenta inserida num movimento artístico em específico, caracterizando-se, ao invés, por um processo de contínua experimentação, para o qual múltiplas influências contribuem, tais como o Surrealismo, a Pop Art e o Nouveau Réalisme. Por volta de 1966, propõe discussões relacionadas com a condição do objeto, nomeadamente, com o seu carácter imutável e inerte, motivando-o a produzir pequenos objetos que se movem eletronicamente, os quais denomina de modelos reduzidos. Retoma a atividade pictórica no início dos anos 70, realizando diversas intervenções no espaço urbano e obras públicas, destacando-se os trabalhos murais em Paris, na Rue Dussoubs (1972) e em Setúbal, no Hospital do Barreiro (1983). Depois da grande exposição internacional que a sua obra conheceu nos anos 60 e 70, iniciada em 1959, com a participação na Bienal de São Paulo, regressa a Portugal, em 1981, estabelecendo-se permanentemente no Algarve, a partir do ano seguinte. Em 2000, participa na exposição Making Choices, no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, e o Museu de Serralves organiza uma retrospetiva da sua obra. Tem obras expostas nas mais importantes coleções privadas e institucionais.
FMV, julho 2020
FMV, julho 2020