Depois de abandonar, em 1931, a Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, João Hogan (Lisboa, 1914 – Lisboa, 1988) dedicou-se à pintura de maneira autodidata. Frequentou ainda as aulas noturnas da Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA) onde, em 1937, seria aluno de Mário Augusto e Frederico Ayres. Praticou a pintura em paralelo com a marcenaria, profissão que exerce, sensivelmente, entre os anos 30 e 50. Estreia-se na Exposição de Arte Moderna do Secretariado de Propaganda Nacional, em 1942, começando a expor individualmente em 1951, nomeadamente, na SNBA. A paisagem é o tema quase exclusivo da sua obra, realizando pontualmente autorretratos. As suas primeiras obras são marcadas pelo naturalismo de Silva Porto e Malhoa, elegendo, em 1940, também Cézanne como mestre. As paisagens que pinta ao ar livre em Lisboa e, posteriormente, na Beira Baixa, são marcadas pela ausência da figura humana e por um interesse na imensidão da terra, com a pontual presença de elementos arquitetónicos. O tratamento da cor, dos planos e das formas ganhariam progressivamente maior destaque na sua obra. Entre 1957 e 1975, desenvolve a técnica da gravura, criando um reportório totalmente autónomo da pintura, de enorme imaginação e diversidade. Foi, incluso, um dos sócios fundadores da Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses. Em 1958, recebe uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian e parte para Paris, sendo-lhe atribuída a mesma bolsa em Portugal, em 1961. Abandonou o método de pintar in loco, afastando-se decididamente do naturalismo e do figurativismo dos primeiros anos, produzindo composições mais imaginativas e simplificadas, quase abstratas. Em 1976, inicia-se como professor de pintura no Ar. Co e, juntamente com Teresa Magalhães, Júlio Pereira, Sérgio Pombo, Guilherme Parente e Virgílio Domingues, forma o grupo 5 + 1. Recebeu o 1º Prémio da Pintura na II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian (1961) e, em 1964, o Prémio Silva Porto. Em 1990, foi instituído o Prémio de Artes Plásticas João Hogan. Internacionalmente, destaca-se a presença na II Bienal de S. Paulo (1953, Brasil). Está representado em diversas coleções públicas e privadas.
FMV, October 2020
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