Vitor Pomar

Vítor Pomar (Lisboa, 1949) inicia o seu percurso artístico na Escola de Belas Artes do Porto e de Lisboa, nas quais frequenta, entre 1966 e 1969, o curso de Pintura, praticando, paralelamente, a fotografia e a gravura. A sua primeira exposição individual tem lugar na Galeria Quadrante, em 1970, partindo no mesmo ano para a Holanda, onde permanece até 1985. Aqui, beneficiando de um programa de financiamento do governo holandês, estuda nas Academias de Roterdão e de Haia. Durante esta fase, estabelece um método de concepção artística original, produzindo uma série de acrílicos marcados pelo recurso somente ao preto e ao branco, que surgem no âmbito de pesquisas de teor expressionista. Inicia-se ainda na realização de vídeos, registando o seu atelier, as actividades que nele pratica e a cidade que o rodeia. Apesar de emigrado, não perde visibilidade na sua cidade-natal, participando na exposição Alternativa Zero, em 1977, e na grande exposição de pintura da Fundação Calouste Gulbenkian, de 1980. Em 1985, quando regressa a Portugal, interrompe temporariamente toda a prática artística, continuando, no entanto, a expor individualmente as suas obras anteriores. Durante esta fase de cessação de atividade, cria e administra a Casa-Museu Álvaro de Campos (Tavira, 1987), e dedica-se ao estudo de diferentes práticas e filosofias orientais, como o Budismo Zen. Em meados da década seguinte, retoma a atividade artística, empenhando-se desde logo no trabalho de múltiplos suportes e técnicas – desde as fotografias a cores de teor documental, às instalações, à escultura e à pintura, que de imediato começa a expor. Abandonando o bi-cromatismo das obras iniciais, as pesquisas desta nova fase incorporam uma dimensão mística e espiritual, que ganhariam um valor próprio na sua obra, frequentemente sob a forma de frases, que inscreve tanto nas pinturas, como nos desenhos e nas fotografias. Em 2003, a sua obra foi agraciada com o Prémio da Arte EDP 2002 e, em 2011, o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian organizou uma retospectiva da sua obra fílmica e videográfica.
 
FMV, setembro 2020