Obras
Klossowski
painting


Data
2008
Técnica
Acetato polivinílico, pigmentos, acrílico, serigrafia sobre tela de algodão
Dimensões
150,5 x 150,5 cm
Integrado num período de produção de Julião Sarmento marcado pela retração da figuração e abandono do repertório de ícones reconhecíveis, este trabalho faz parte de uma série marcada pela não imagem, pela negatividade e transgressividade da representação. Verifica-se aqui uma evocação dos domínios formais e conceptuais da abstração. A composição é constituída por um fundo branco onde se e subtis esquiços acinzentados e no qual se dispersam manchas informes de cor com gradações diversas de vermelho - sinais de um gesto, vestígios de uma misteriosa ação.
Apesar da sua dimensão abstratizante, esta obra não se encontra apartada de uma ligação ao real, que é convocada desde logo pela sua própria materialidade. De facto, Sarmento explora aqui os recursos da serigrafia - subvertida na sua função de meio técnico de reprodução, pois a obra resultante é única e irrepetível -, que alia a um processo de recolha de restos de tinta, lixo e pó do seu próprio atelier, elementos que dão origem à composição. A documentação destes despojos remete, então, para um contexto pessoal.
A dimensão de realidade é igualmente evocada através da introdução de um fragmento de texto, excerto da obra Roberte Ce Soir, da autoria de Pierre Klossowski (1905-2001). Escritor, ensaísta, filósofo e artista francês, Klossowski assumiu como tema dominante da sua produção o erotismo, explorado numa combinação complexa entre a filosofia e a teologia, dentro de uma linha de pesquisa mais alargada em torno dos princípios de identidade e de representação. Ao citar este autor num trabalho aparentemente despojado, mas que se revela complexo na conceção e concretização, Julião Sarmento convida o observador a refletir sobre as relações e tensões entre discursos e imagéticas, e sobre o papel reflexivo e identitário da imagem.
JB
Apesar da sua dimensão abstratizante, esta obra não se encontra apartada de uma ligação ao real, que é convocada desde logo pela sua própria materialidade. De facto, Sarmento explora aqui os recursos da serigrafia - subvertida na sua função de meio técnico de reprodução, pois a obra resultante é única e irrepetível -, que alia a um processo de recolha de restos de tinta, lixo e pó do seu próprio atelier, elementos que dão origem à composição. A documentação destes despojos remete, então, para um contexto pessoal.
A dimensão de realidade é igualmente evocada através da introdução de um fragmento de texto, excerto da obra Roberte Ce Soir, da autoria de Pierre Klossowski (1905-2001). Escritor, ensaísta, filósofo e artista francês, Klossowski assumiu como tema dominante da sua produção o erotismo, explorado numa combinação complexa entre a filosofia e a teologia, dentro de uma linha de pesquisa mais alargada em torno dos princípios de identidade e de representação. Ao citar este autor num trabalho aparentemente despojado, mas que se revela complexo na conceção e concretização, Julião Sarmento convida o observador a refletir sobre as relações e tensões entre discursos e imagéticas, e sobre o papel reflexivo e identitário da imagem.
JB