Obras
Num Estilo Conforme à Etiqueta
painting


Data
1997
Técnica
Acetato polivinílico, pigmentos e grafite sobre tela de algodão sem preparação
Dimensões
199 x 181 x 2,7 cm
Em 1997, Julião Sarmento representou Portugal na 47ª Bienal de Veneza, com uma exposição intitulada - Casanova
, da qual esta pintura fazia parte. Apresentada no Palazzo Vendramin ai Carmini, a exposição dedicada ao libertino Veneziano ocupa um lugar particularmente importante no percurso de Sarmento.
Situando-se na continuação de uma série de trabalhos que dialogam com figuras do imaginário libertino, como o ficcional - D. Juan
de Lord Byron, Sacher Masoch ou o Marquês de Sade - tinha realizado, dois anos antes, ilustrações para - Justine et Juliette
- esta tónica prolongar-se-ia pelos trabalhos em torno da correspondência erótica entre James Joyce e Nora.
O interesse por Casanova era patente desde muito cedo (existem duas pinturas de 1989 em que Sarmento incluiu um autorretrato em silhueta que mimetiza um famoso retrato de Casanova), liga-se à importância da memória, omnipresente no seu percurso. Ao contrário das grandes figuras do imaginário libertino do Século XVIII, como o D. Giovanni criado por Lorenzo da Ponte, que possui um criado, Leporello, anotador das suas conquistas, a figura do grande cronista do século XVIII é construída a partir das suas memórias, narradas em - Histoire de ma Vie
.
Esta construção biográfica, ficcional e mnemónica constitui um traço central na obra de Julião Sarmento, que utilizou sistematicamente imagens recorrentes (quase signos visuais, como a mão com dedos amputados, as imagens de plantas ou fragmentos dúbios de corpos), estendendo-se desde as obras pictóricas expressionistas da década de 1980, passando pelas pinturas brancas até aos trabalhos tardios.
Em - Num estilo conforme à etiqueta
(citação da - Histoire de ma Vie
), duas figuras femininas, frente a frente, estão conectadas por um gesto, um toque de uma mão no peito. Situação pensada e testada (há 3 desenhos preparatórios, do mesmo ano, para esta pintura) introduz o tema do - Doppelganger,
também recorrente no seu trabalho (sobretudo a partir da série - Laura and Alice
, de 1994), para além de uma figuração de um gesto, dois dedos que seguram um pequeno elemento, também presente em vários desenhos do mesmo período.
No período das chamadas “pinturas brancas”, a série - Casanova
ocupa, portanto, um lugar de referência fundamental num momento particularmente produtivo do trabalho de Julião Sarmento.
Delfim Sardo
, da qual esta pintura fazia parte. Apresentada no Palazzo Vendramin ai Carmini, a exposição dedicada ao libertino Veneziano ocupa um lugar particularmente importante no percurso de Sarmento.
Situando-se na continuação de uma série de trabalhos que dialogam com figuras do imaginário libertino, como o ficcional - D. Juan
de Lord Byron, Sacher Masoch ou o Marquês de Sade - tinha realizado, dois anos antes, ilustrações para - Justine et Juliette
- esta tónica prolongar-se-ia pelos trabalhos em torno da correspondência erótica entre James Joyce e Nora.
O interesse por Casanova era patente desde muito cedo (existem duas pinturas de 1989 em que Sarmento incluiu um autorretrato em silhueta que mimetiza um famoso retrato de Casanova), liga-se à importância da memória, omnipresente no seu percurso. Ao contrário das grandes figuras do imaginário libertino do Século XVIII, como o D. Giovanni criado por Lorenzo da Ponte, que possui um criado, Leporello, anotador das suas conquistas, a figura do grande cronista do século XVIII é construída a partir das suas memórias, narradas em - Histoire de ma Vie
.
Esta construção biográfica, ficcional e mnemónica constitui um traço central na obra de Julião Sarmento, que utilizou sistematicamente imagens recorrentes (quase signos visuais, como a mão com dedos amputados, as imagens de plantas ou fragmentos dúbios de corpos), estendendo-se desde as obras pictóricas expressionistas da década de 1980, passando pelas pinturas brancas até aos trabalhos tardios.
Em - Num estilo conforme à etiqueta
(citação da - Histoire de ma Vie
), duas figuras femininas, frente a frente, estão conectadas por um gesto, um toque de uma mão no peito. Situação pensada e testada (há 3 desenhos preparatórios, do mesmo ano, para esta pintura) introduz o tema do - Doppelganger,
também recorrente no seu trabalho (sobretudo a partir da série - Laura and Alice
, de 1994), para além de uma figuração de um gesto, dois dedos que seguram um pequeno elemento, também presente em vários desenhos do mesmo período.
No período das chamadas “pinturas brancas”, a série - Casanova
ocupa, portanto, um lugar de referência fundamental num momento particularmente produtivo do trabalho de Julião Sarmento.
Delfim Sardo