Obras
Meninas a ler
painting


Data
s.d.
Técnica
Óleo sobre tela
Dimensões
100 x 100 cm
No campo das artes plásticas, o período entre-guerras é marcado, por um lado, pela vontade de inovar e apresentar novas propostas estéticas, na senda das vanguardas anteriores; por outro lado, pelo “regresso à ordem” que constituiu uma reação a essas mesmas experiências vanguardistas e à sua matriz internacionalizante. Esse resgate moderno de modelos e linguagens extraídos do classicismo, defendia o gosto por um novo naturalismo e pela reabilitação da tradição e dos valores culturais “nacionais”. Durante a sua estadia em Paris, em 1919-1920, e ao longo de toda a década seguinte, José de Almada Negreiros é confrontado com este “regresso à ordem”, interessando-se particularmente pelo território plástico do neoclassicismo explorado neste período por Pablo Picasso.
Nesta pintura detetam-se reminiscências neoclassicizantes, percetíveis na volumetria maciça das figuras, em que se destaca um expressivo tratamento claro-escuro e a integração de subtis deformações anatómicas que provocam distorções ou alongamentos. A composição é marcada pela estrutura triangular configurada pela mesa e pela posição das figuras, que confere grande estabilidade a todo o conjunto. A paleta, composta por castanhos, vermelhos e amarelos quentes, é animada pela mancha clara definida pelo livro e pela abertura de luz ao centro, pelo rosa luminoso do rosto da mulher da direita, e pelo azul radiante das cortinas que enquadram as duas personagens.
O tema, registo de uma cena quotidiana - duas personagens femininas absortas no ato da leitura, completamente alheadas do observador -, é abordado com alguma sensualidade, transmitida pela tensão entre a figura passiva e mais sombria da esquerda e a postura algo insinuante da mulher ao seu lado, em posição reclinada, e em cujo corpo voluptuoso se destaca a modelação dos seios.
Joana Baião
Nesta pintura detetam-se reminiscências neoclassicizantes, percetíveis na volumetria maciça das figuras, em que se destaca um expressivo tratamento claro-escuro e a integração de subtis deformações anatómicas que provocam distorções ou alongamentos. A composição é marcada pela estrutura triangular configurada pela mesa e pela posição das figuras, que confere grande estabilidade a todo o conjunto. A paleta, composta por castanhos, vermelhos e amarelos quentes, é animada pela mancha clara definida pelo livro e pela abertura de luz ao centro, pelo rosa luminoso do rosto da mulher da direita, e pelo azul radiante das cortinas que enquadram as duas personagens.
O tema, registo de uma cena quotidiana - duas personagens femininas absortas no ato da leitura, completamente alheadas do observador -, é abordado com alguma sensualidade, transmitida pela tensão entre a figura passiva e mais sombria da esquerda e a postura algo insinuante da mulher ao seu lado, em posição reclinada, e em cujo corpo voluptuoso se destaca a modelação dos seios.
Joana Baião