Obras

Sem título (Pintura decorativa – Alfaiataria Cunha) (A)

painting
Sem título (Pintura decorativa – Alfaiataria Cunha) (A)
Sem título (Pintura decorativa – Alfaiataria Cunha) (A)
© MACAM
Data

1913

Técnica

Óleo sobre tela

Dimensões

178,3 x 100 cm

Realizados em 1913, os painéis decorativos da Alfaiataria Cunha, sediada na Baixa Lisboeta, constituem a primeira grande encomenda a José de Almada Negreiros, então com apenas 20 anos, por parte de entidades comerciais. Estas obras, são as suas primeiras pinturas a óleo, executadas à escala natural e pertencem a um conjunto de quatro, estando as restantes duas na coleção da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG). Nestas duas pinturas encontramos uma narrativa mais datada, representada por roupagens do início do século anterior ou do século XVIII, enquanto na dupla da coleção da FCG vemos as personagens trajadas de acordo com as últimas tendências do início do século XX. Ambos os conjuntos apresentam em cada tela, cenas frugais compostas por um par de figuras, uma masculina e outra feminina, aparentemente enamorados.
O painel B, revela-nos um momento de encontro, aparentemente fugaz, onde o homem consegue roubar um beijo na mão da figura feminina. Em consonância com o conjunto dos quatro painéis, a mulher encontra-se em pé de igualdade com o homem, no entanto nesta cena parece-nos superior - destacando-se como altiva, confiante, com uma atitude moderna e boémia, tema muito explorado na produção inicial de Almada. No outro painel, encontramos um casal que aparentemente passeia os seus animais de estimação, em jeito de promenade noturna e fortuita.
Ainda que as personagens estejam com roupas de outra época, o tratamento pictórico e estético é atualizado, verificando-se uma economia cromática, em que predominam os tons secos e fundos neutros de dimensão gráfica. No painel B, a figura feminina de braços longos e finos destaca-se no primeiro plano, no entanto o seu rosto é definido com referências mínimas.
Caminho essencial para a inovação formal, o desenho representou para os modernistas um meio para a experimentação, acompanhado das influências alemãs e decadentistas que tingem as composições. Partindo destas premissas, estes painéis são o resultado de um traço elegante e fluído, onde as manchas de cor jogam de modo contrastante e equilibrado com o grafismo dos seus elementos decorativos.
Com uma atmosfera cosmopolita imbuída de despreocupação, elegância e subtil requinte, estas pinturas inferem os requisitos necessários de um anúncio publicitário apelativo ao público-alvo da Alfaiataria, certamente urbano e endinheirado, convidando-o ao consumo.

RD

Obras

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