Obras
Música Surda
painting
Data
c. 1914 - 1915
Técnica
Óleo sobre tela
Dimensões
100 x 100 cm
A obra- Música Surda
do pintor português Amadeo Souza-Cardoso data cerca de 1914-1915, período em que viajou de Paris para vir passar férias a Portugal, tendo sido surpreendido pelo despoletar da I Grande Guerra, que o levou a uma estadia forçada em Manhufe, Amarante. Durante este tempo, o contacto com Sónia e Robert Delaunay, Eduardo Viana e Almada Negreiros, revelou-se frutuoso e estimulante na afirmação de uma modernidade artística.
Nesta obra, uma das de maior dimensão e das poucas em formato quadrado na vasta produção de curta temporalidade concretizada por Amadeo, ressalta uma modernidade que cruza várias referências das vanguardas europeias, com as quais manteve uma relação tangencial, empenhado na afirmação de um vanguardismo autónomo.
A dinâmica cromática e a arrojada pincelada manifestam o influxo expressionista, nas expansivas manchas que exploram diferentes tons de cores exuberantes e vibrante, introduzindo um surpreendente movimento no espaço e um tratamento de claro/escuro que confere uma luminosidade singular à obra.
Sobre o fundo abstrato, o artista afirma em grande plano a figuração humana, conferindo-lhe um protagonismo que se expande aos limites do suporte, sendo que o tratamento do rosto e do objeto que acompanha a figura evidencia uma reminiscência cubista. A figura do homem estático, a segurar um violino colocado no ombro, na posição de tocar, com a outra mão pendente, em que nem o violino tem cordas, nem a outra mão tem o respetivo arco que permite extrair o som do instrumento, ilustram o título da obra. Enigmático e paradoxal, o título aproxima-se do - non-sense
dadaísta e da tensão sensorial promovida pelo futurismo. A evocação da música em conflito com a alusão à privação do sentido de ouvir, inscreve no trabalho uma sugestiva eufonia imersa em forte dimensão de interioridade.
A temática da música e o violino como elemento iconográfico, são transversais na obra do artista, tal como o humor e a provocação, patente em muitos dos títulos conferidos por Amadeo às suas obras.
- Música Surda
, esteve patente nas primeiras exposições individuais do artista realizadas em 1916, em Lisboa e no Porto, e integrou diversas outras exposições, nomeadamente as retrospetivas e antológicas comemorativas do cinquentenário da morte e centenário do nascimento, acumulando um relevante percurso histórico, expositivo e bibliográfico.
Adelaide Ginga
do pintor português Amadeo Souza-Cardoso data cerca de 1914-1915, período em que viajou de Paris para vir passar férias a Portugal, tendo sido surpreendido pelo despoletar da I Grande Guerra, que o levou a uma estadia forçada em Manhufe, Amarante. Durante este tempo, o contacto com Sónia e Robert Delaunay, Eduardo Viana e Almada Negreiros, revelou-se frutuoso e estimulante na afirmação de uma modernidade artística.
Nesta obra, uma das de maior dimensão e das poucas em formato quadrado na vasta produção de curta temporalidade concretizada por Amadeo, ressalta uma modernidade que cruza várias referências das vanguardas europeias, com as quais manteve uma relação tangencial, empenhado na afirmação de um vanguardismo autónomo.
A dinâmica cromática e a arrojada pincelada manifestam o influxo expressionista, nas expansivas manchas que exploram diferentes tons de cores exuberantes e vibrante, introduzindo um surpreendente movimento no espaço e um tratamento de claro/escuro que confere uma luminosidade singular à obra.
Sobre o fundo abstrato, o artista afirma em grande plano a figuração humana, conferindo-lhe um protagonismo que se expande aos limites do suporte, sendo que o tratamento do rosto e do objeto que acompanha a figura evidencia uma reminiscência cubista. A figura do homem estático, a segurar um violino colocado no ombro, na posição de tocar, com a outra mão pendente, em que nem o violino tem cordas, nem a outra mão tem o respetivo arco que permite extrair o som do instrumento, ilustram o título da obra. Enigmático e paradoxal, o título aproxima-se do - non-sense
dadaísta e da tensão sensorial promovida pelo futurismo. A evocação da música em conflito com a alusão à privação do sentido de ouvir, inscreve no trabalho uma sugestiva eufonia imersa em forte dimensão de interioridade.
A temática da música e o violino como elemento iconográfico, são transversais na obra do artista, tal como o humor e a provocação, patente em muitos dos títulos conferidos por Amadeo às suas obras.
- Música Surda
, esteve patente nas primeiras exposições individuais do artista realizadas em 1916, em Lisboa e no Porto, e integrou diversas outras exposições, nomeadamente as retrospetivas e antológicas comemorativas do cinquentenário da morte e centenário do nascimento, acumulando um relevante percurso histórico, expositivo e bibliográfico.
Adelaide Ginga
