Obras
Volta ao Sol
painting


Data
2021
Técnica
Óleo e resina alquídica sobre tela
Dimensões
180 x 160 cm
Fernão Cruz, artista para quem a arte e a vida são indissociáveis, tem vindo a desenvolver um corpo de trabalho em que a biografia e as experiências individuais são a base para explorar inquietações, traumas e desejos pessoais, e para refletir mais genericamente acerca do modo como os estados psíquicos, emocionais e físicos são produzidos e influenciam a nossa perceção e modos de agir no mundo. Materializadas através de diversos meios (pintura, escultura, instalação), as suas obras são executadas sem formalização antecipada, à medida das imprevisibilidades da ação mental e física do próprio fazer. Na sua prática pictórica, este processo reflete-se nas acumulações de matéria e de imagens nas telas, em sucessivos estratos - assim, cada obra acaba por conter várias “pinturas” dentro de si mesma.
Esta pintura foi produzida no contexto do projeto expositivo - Morder o pó
, apresentado na Fundação Calouste Gulbenkian em 2021, que partiu de formulações do artista em torno da morte e da ausência (logo, convocando também os seus opostos: a vida e a presença, o ser e estar).
O plano de fundo, abstratizante, é marcado pela monocromia, em intensa paleta azul e negra, e pela divisão em duas secções: a quadrícula superior e, abaixo de uma aparente linha de horizonte, a sugestão de um disco solar emanando raios, em desenho quase infantil. Neste denso e texturado espaço de representação, surgem em destaque fragmentos de figurações mais ou menos reconhecíveis que conferem à cena um caráter algo onírico e existencial. Retomados com maior ou menor recorrência noutras obras, estes elementos constituem signos do vocabulário pictórico de Fernão Cruz. Tal como outros trabalhos do artista, esta pintura não pretende ser descritiva ou remeter para um significado imediatamente discernível, antes abrindo-se para todo um universo alegórico e interpretativo.
Joana Baião
Esta pintura foi produzida no contexto do projeto expositivo - Morder o pó
, apresentado na Fundação Calouste Gulbenkian em 2021, que partiu de formulações do artista em torno da morte e da ausência (logo, convocando também os seus opostos: a vida e a presença, o ser e estar).
O plano de fundo, abstratizante, é marcado pela monocromia, em intensa paleta azul e negra, e pela divisão em duas secções: a quadrícula superior e, abaixo de uma aparente linha de horizonte, a sugestão de um disco solar emanando raios, em desenho quase infantil. Neste denso e texturado espaço de representação, surgem em destaque fragmentos de figurações mais ou menos reconhecíveis que conferem à cena um caráter algo onírico e existencial. Retomados com maior ou menor recorrência noutras obras, estes elementos constituem signos do vocabulário pictórico de Fernão Cruz. Tal como outros trabalhos do artista, esta pintura não pretende ser descritiva ou remeter para um significado imediatamente discernível, antes abrindo-se para todo um universo alegórico e interpretativo.
Joana Baião