Obras
Sem título
other


Data
1978
Técnica
Caneta de feltro sobre papel
Dimensões
50 x 35 cm
Sem título, MACAM0055
Sem título, MACAM0054
Nestes dois desenhos, Jorge Vieira aborda o tema da figura humana, através da representação de duas cabeças imaginárias, criadas a partir de um jogo de formas lúdico que remete para uma herança surrealista. Nesse sentido, verifica-se no desenho de 1978 a exploração da metamorfose e da transfiguração, através da substituição das marcas distintivas do rosto (a boca, o nariz, as orelhas) pela representação de olhos. A repetição deste elemento confere uma nova significação e identidade corporal ao rosto. Por sua vez, o desenho de 1981 é marcado pela deslocação da cabeça no sentido do eixo vertical, criando uma assimetria em que, porém, há pontos de contacto e de continuidade dos elementos, como por exemplo a linha do cabelo à esquerda que se prolonga pela sobrancelha direita, ou a narina esquerda que forma uma subtil relação de simetria com o contorno do lábio do lado direito. Embora a ideia de deslocação e quebra de simetria das formas tenda a criar ambiguidades e a anular a unicidade, a composição do conjunto mantém-se surpreendentemente equilibrada.
Em termos formais, os dois desenhos partilham algumas características: a redução da composição aos elementos básicos, estruturando-se a partir das linhas finas e seguras que definem o contorno e a modelação volumétrica discreta mas expressiva da forma; e o esquema geral, composto pela secção cónica da base que constitui o pescoço, sobre a qual assenta a forma mais ou menos ovoide de cada cabeça.
Em termos simbólicos, evidencia-se em ambos os desenhos o anonimato e impassibilidade dos rostos, fatores que aparentemente anulam qualquer carga psicológica do referente representado, transferindo-a para o observador.
JB
Sem título, MACAM0054
Nestes dois desenhos, Jorge Vieira aborda o tema da figura humana, através da representação de duas cabeças imaginárias, criadas a partir de um jogo de formas lúdico que remete para uma herança surrealista. Nesse sentido, verifica-se no desenho de 1978 a exploração da metamorfose e da transfiguração, através da substituição das marcas distintivas do rosto (a boca, o nariz, as orelhas) pela representação de olhos. A repetição deste elemento confere uma nova significação e identidade corporal ao rosto. Por sua vez, o desenho de 1981 é marcado pela deslocação da cabeça no sentido do eixo vertical, criando uma assimetria em que, porém, há pontos de contacto e de continuidade dos elementos, como por exemplo a linha do cabelo à esquerda que se prolonga pela sobrancelha direita, ou a narina esquerda que forma uma subtil relação de simetria com o contorno do lábio do lado direito. Embora a ideia de deslocação e quebra de simetria das formas tenda a criar ambiguidades e a anular a unicidade, a composição do conjunto mantém-se surpreendentemente equilibrada.
Em termos formais, os dois desenhos partilham algumas características: a redução da composição aos elementos básicos, estruturando-se a partir das linhas finas e seguras que definem o contorno e a modelação volumétrica discreta mas expressiva da forma; e o esquema geral, composto pela secção cónica da base que constitui o pescoço, sobre a qual assenta a forma mais ou menos ovoide de cada cabeça.
Em termos simbólicos, evidencia-se em ambos os desenhos o anonimato e impassibilidade dos rostos, fatores que aparentemente anulam qualquer carga psicológica do referente representado, transferindo-a para o observador.
JB