Obras
Sem título (homem com bandeira)
sculpture


Data
c. 1962
Técnica
Ferro
Dimensões
146,5 x 30 x 20 cm
O ferro é, a par do barro, um material dominante na obra de Jorge Vieira. O interesse do artista por esta matéria prende-se quer com o seu potencial, quer com as suas possibilidades estético-simbólicas, nomeadamente as relacionadas com as tensões entre resistência / fragilidade.
Observador ativo do mundo e das pessoas que o habitam, Vieira interessou-se pela representação do corpo humano, na qual a função mimética é subalternizada e submetida às suas reflexões plásticas e conceptuais. Nesta escultura, em que o referente antropomórfico é reconhecível e reporta para uma ação real possível (um homem empunhando uma bandeira), o destaque é dado a uma gramática formal de teor construtivo, marcada pela articulação dinâmica de linhas e planos. Evidenciam-se alguns elementos (o tronco, a cabeça, a bandeira) construídos a partir de uma técnica desenvolvida pelo escultor na década de 1960, em que a forma é definida por pequenos módulos e filamentos metálicos soldados, num processo de aglomeração que deixa entrever espaços vazios ou ocos. Do mesmo modo, a integração de componentes estruturais simples e lineares (as pernas, os braços, o pescoço, a haste da bandeira) reforça a síntese orgânica entre as áreas preenchidas e as vazias. A dialética entre a escultura e o espaço que a envolve é ainda reforçada pela ausência de plinto ou pedestal: o objeto dá-se a ver sem estratificação de níveis, na continuidade do espaço que o atravessa, colocando também em evidência o caráter anti-apologético ou anti-monumental que caracteriza a escultura de Jorge Vieira.
JB
Observador ativo do mundo e das pessoas que o habitam, Vieira interessou-se pela representação do corpo humano, na qual a função mimética é subalternizada e submetida às suas reflexões plásticas e conceptuais. Nesta escultura, em que o referente antropomórfico é reconhecível e reporta para uma ação real possível (um homem empunhando uma bandeira), o destaque é dado a uma gramática formal de teor construtivo, marcada pela articulação dinâmica de linhas e planos. Evidenciam-se alguns elementos (o tronco, a cabeça, a bandeira) construídos a partir de uma técnica desenvolvida pelo escultor na década de 1960, em que a forma é definida por pequenos módulos e filamentos metálicos soldados, num processo de aglomeração que deixa entrever espaços vazios ou ocos. Do mesmo modo, a integração de componentes estruturais simples e lineares (as pernas, os braços, o pescoço, a haste da bandeira) reforça a síntese orgânica entre as áreas preenchidas e as vazias. A dialética entre a escultura e o espaço que a envolve é ainda reforçada pela ausência de plinto ou pedestal: o objeto dá-se a ver sem estratificação de níveis, na continuidade do espaço que o atravessa, colocando também em evidência o caráter anti-apologético ou anti-monumental que caracteriza a escultura de Jorge Vieira.
JB