Obras
Sem título (touro)
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Data
1987
Técnica
Tinta da China sobre papel
Dimensões
62,4 x 87,5 cm
A representação de animais é constante na carreira de Jorge Vieira, e prende-se principalmente com o seu interesse pela arte pré-histórica e seus sistemas simbólicos de figuração. Este interesse foi reforçado pelo contacto com o trabalho de Picasso, que o estimulou a desenvolver uma definitiva consciência cultural sobre o valor da arte primitiva e, principalmente, pelos primórdios da arte ibérica. Dentro deste quadro, as suas preferências focam-se num mundo antigo e mitológico povoado por animais possantes como o touro, o bisonte, ou o cavalo, representados em poses e volumetrias variadas.
Este desenho remete para a série de litografias - El Toro
, produzidas por Picasso em 1945. Nessa série, o artista espanhol disseca visualmente a imagem de um touro, partindo de uma representação naturalista e tendo como objetivo a desconstrução formal do animal. Tal como Picasso, aqui Jorge Vieira parece (de)compor o touro através da simplificação dos planos principais da sua anatomia. A planificação é feita através do delineamento de secções, sendo dado destaque aos músculos dos membros anteriores e posteriores do animal, evidenciando-se assim a sua força e ferocidade. O desenho é construído a partir de pequenas linhas que definem os contornos e, simultaneamente, simulam a textura da pelagem do touro. As mesmas linhas contribuem para a modelação do jogo claro-escuro, que é reduzido ao essencial, mas ainda assim suficiente para conferir volumetria ao conjunto. Apesar da grande simplicidade formal, a composição caracteriza-se pela correção anatómica e pela atenção dada ao detalhe.
Joana Baião
Este desenho remete para a série de litografias - El Toro
, produzidas por Picasso em 1945. Nessa série, o artista espanhol disseca visualmente a imagem de um touro, partindo de uma representação naturalista e tendo como objetivo a desconstrução formal do animal. Tal como Picasso, aqui Jorge Vieira parece (de)compor o touro através da simplificação dos planos principais da sua anatomia. A planificação é feita através do delineamento de secções, sendo dado destaque aos músculos dos membros anteriores e posteriores do animal, evidenciando-se assim a sua força e ferocidade. O desenho é construído a partir de pequenas linhas que definem os contornos e, simultaneamente, simulam a textura da pelagem do touro. As mesmas linhas contribuem para a modelação do jogo claro-escuro, que é reduzido ao essencial, mas ainda assim suficiente para conferir volumetria ao conjunto. Apesar da grande simplicidade formal, a composição caracteriza-se pela correção anatómica e pela atenção dada ao detalhe.
Joana Baião