A obra eclética de Eduardo Viana (Lisboa, 28 de novembro de 1881 – Lisboa, 21 de fevereiro de 1967) representou, juntamente com a de alguns seus contemporâneos, uma primeira e fundamental prática modernista portuguesa. Viana frequentou a Academia de Belas Artes de Lisboa em 1896, onde usufruiu dos ensinamentos de José Veloso Salgado e seguiu, por iniciativa própria, a obra de Columbano. Após desistir do curso em 1905, Viana viveu entre Lisboa e Paris, convivendo com outros artistas e frequentando escolas privadas como a Académie Julian. Manteve-se ligado ao núcleo cultural português através da participação nas exposições anuais da Sociedade Nacional de Belas Artes (1905-1914) e na Exposição Livre (1911), sendo-lhe atribuída menção honrosa nesta última. Se numa primeira etapa a sua obra é de cariz naturalista, em obras como “Interior” (1914) ou “A Mulher da Laranja”, já se assinala um contacto com os volumes cézannianos. Com o despoletar da Guerra em 1914, Viana regressa a Portugal, iniciando um período fulcral de amadurecimento. Frequenta as festas estivais de S. João, abordando estas temáticas tradicionais na sua pintura, e vive em Vila do Conde entre 1915 e 1917, com Sónia e Robert Delaunay. É este convívio, ao qual se junta Amadeo de Souza-Cardoso, que faz detonar no artista uma maior vontade de afirmação como vanguardista, destacando-o como um dos expoentes da primeira geração modernista em Portugal. Em termos expositivos destaca-se a participação na III Exposição dos Modernistas, 1919 (Porto), no ano seguinte realiza a sua primeira Exposição individual em Lisboa e, em 1921, no Porto. Em 1923 participa na exposição 5 Independentes, colabora na famosa decoração do café A Brasileira e, em 1925, na organização do I Salão de Outono. Nesse mesmo ano, viaja novamente por Paris, Inglaterra e Holanda, fixando-se até 1940 na Bélgica. Se esta fase constitui um período pouco celebrado da sua obra, quando regressa a Portugal estaria uma vez mais envolvido em diversas atividades, chegando até a representar o seu país na XXV Bienal de Veneza e na III Bienal de São Paulo.
FMV, abril 2020
FMV, abril 2020